Thursday, September 27, 2007

pela liberdade

Em Portugal, um homem como Ron Paul seria considerado uma aberração. Politicamente não teria qualquer expressão e seria indesejável a sua presença nos grandes partidos, isto é, nos partidos do regime. A direita, em Portugal, a que se senta à mesa do orçamento de tempos a tempos, não gosta de agitadores. Não admira contestatários, não aprecia quem ponha em causa a sua razão de ser, a sua vocação existencial, a sua essência mais íntima: a governabilidade, isto é, a vocação para se apropriar do Estado e geri-lo consoante as suas conveniências. Na América, na Grande América da Liberdade, Paul lembra os pais fundadores, o espírito e a letra da Constituição, as origens da independência, o amor à Liberdade. Mesmo na América dos nossos dias, na América do «Patriot Act», essas ideias já soam estranhas a muitos. Em Portugal, os partidos da direita só têm um objectivo programático: demonstrarem-se mais capazes de governar e manter o Estado Social do que os socialistas. Paul, como outrora Reagan, diz-nos que o Estado Social não é o único modo da sociedade política se organizar. Diz-nos mais: que ele pode ser inimigo das liberdades fundamentais dos indivíduos, e condená-los à servidão. A mesma servidão do estatismo de que nos falavam Hayek, Mises e Rothbard no século XX, preocupados, como estavam, com o curso das nossas democracias. Em Portugal, o que a direita nos promete é que, se e quando chegar ao poder, nos dará um melhor Estado Social do que a esquerda. Mais lhe valia nada prometer.
Ron Paul não teria lugar na direita portuguesa. E a direita portuguesa não tem lugar no combate pela liberdade.

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